Bem Vindo

Um espaço para troca de experiências, reflexões, dúvidas referentes ao universo dinâmico e surpreendente do inconsciente.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O Amor e a Paixão:





Outro dia estava assistindo uma entrevista sobre a diferença entre o amor e a paixão. Sabemos que a paixão é um sentimento arrebatador, intenso, rápido e finito, pois conforme ele aparece também desaparece com a mesma intensidade. O amor vai chegando e crescendo aos poucos, se instalando e permanecendo, sendo algo mais duradouro e também muito forte.



Mas o que me chamou a atenção nesta entrevista foi a discussão acerca do sentimento da paixão carregado de muito prazer e portanto, cobiçado frequentemente. O gozo que se tem com a paixão é tão intenso, façinante, embriagante comparado com o amor, sendo então mais interessante do que este. A paixão mantém viva o prazer, a idealização do bom, do perfeito, do mágico, do irracional, do impulso, do novo. O amor engloba a razão, a realidade, a imperfeição, o ódio, com momentos de prazer e felicidade, o já conhecido e portanto, velho.


As surpresas, as expectativas no amor diminuem devido ao contato com o real e o verdadeiro do outro, da relação. A paixão não permite a entrada deste real, já que não tolera a frustração, os erros, o mau e imperfeito. Nos tempos atuais, parece que as pessoas estão em busca desta fantasia, assim como na infância, que as meninas sonhavam com os seus príncipes encantados montados em seus cavalos brancos que as salvavam das bruxas, e assim viveriam eternamente felizes para sempre, apaixonadas em seus castelos.


Entendo portanto, o porquê de algumas teorias defenderem a relação não monogâmica na atualidade, já que assim, se mantém viva a chama da paixão. Por este prisma, tende a se instinguir o amor, a relação dual duradoura, permanente, o laço construído com o tempo  que engloba uma amizade, parceria, dedicação, cumplicidade, união, momentos bons, felizes e os ruins e infelizes. Pois a felicidade é um estado, um momento, e não uma condição permanente, instalada em nossa vida.



Interessante que esta ideologia é maçantemente imposta pela mídia atual, pois há uma propaganda de uma companhia de telefonia celular onde uma garota conversa com sua amiga na praia, quando surge ao seu encontro um rapaz alto, bonito que a cumprimenta e a beija na boca. A amiga se espanta com o fato e pergunta como ela conseguiu "pegar" o rapaz? A garota faz a propaganda do serviço da operadora que utiliza o acesso ilimitado na internet, com mensagens instantâneas, sendo portanto, fácil o seu controle com o rapaz. Assim, a amiga olha o amigo do rapaz e diz que então se utilizará do mesmo recurso da garota. Esta retruca dizendo que aquele rapaz era "fácil" de pegar. Ou seja, a garota buscava vários prazeres imediatos em sua vida, não se envolvendo verdadeiramente com ninguém.


Parece que há todo o incentivo deste estilo de vida de um prazer momentâneo sem dor, conflitos e portanto, sem envolvimentos e relações sólidas e verdadeiras.


Deve-se buscar o prazer, a alegria, mas também deve-se suportar a dor e aprender a lidar com aquilo que não gostamos ou que nos frustramos, para assim suportarmos a vida no mundo, na realidade concreta, constituída de amor, ódio, paixão.