Bem Vindo

Um espaço para troca de experiências, reflexões, dúvidas referentes ao universo dinâmico e surpreendente do inconsciente.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Porque a Psicanálise?

Todas as abordagens psicoterápicas têm o seu valor, mas creio na Psicanálise como a  mais completa e integradora na busca de uma melhor qualidade de vida do sujeito, analisando todo o seu complemento. Pretende retornar a busca ao amor a si mesmo favorecendo o amor ao outro, pelo viés da compreensão, entendimento acerca da natureza humana.


Na contemporaneidade pode parecer um tanto quanto distante da realidade o seu método empregado com frequências de encontros maiores, dificultando o seu acesso devido a globalização, a exigência do mercado de trabalho, da competição e da própria dificuldade pessoal interna para tal. Num mundo tão corrido, mercantilista, consumista em que vivemos atualmente, pouco resta tempo e disponibilidade para um auto conhecimento, e consequentemente uma saúde.


A Psicanálise reconhece o sujeito pertencente ao mundo em que vive, com uma construção do olhar introspectivo, reflexivo do eu  reconhecendo também a existência do outro, a minha participação na vida e ao meu redor, com minha família, amigos, ambiente. Acredita na responsabilidade do indivíduo no gerenciar  suas escolhas, seus comportamentos, relacionamentos. A culpabilidade parental não é predominante nas tomadas de decisão do sujeito, na sua maneira de funcionar que está inteiramente relacionado na sua própria característica e personalidade única inata.


O maior número de frequência das sessões estipula-se na diminuição das resistências do indivíduo, facilitando o maior acesso ao seu mundo interno tão participativo e causador dos males que lhe aflinge. Muito similar a um casamento, aonde o par encontra-se diariamente possibilitando o aparecimento do verdadeiro "eu" mascarado em encontros eventuais e responsável por conflitos conjugais. A terapia com poucos encontros, é um namoro que se inicia entorpecido pelo calor da paixão, que ao decorrer um determinado tempo se esgota para um enlace maior, verdadeiro, ou no seu findar.

terça-feira, 22 de março de 2011

Limites:

O limite é imprescendível em nossas vidas, pois ele controla os nossos impulsos, instintos mais primitivos inerentes. Se não houvesse regras, normas que limitam o ser humano seria ordenado num imenso caos desorganizado, desestruturado, possivelmente sem um núcleo familiar saudável, já que não existiria o tabu do incesto, ou seja, pai casaria com filha, filho com a própria mãe e assim em diante.


Desde muito cedo, o bebê também necessita de contenção, de limite para a manutenção do seu bem estar tanto físico quanto emocional, onde o papel da mãe é precursor e facilitador para tal. Quando o bebê amplia a sua presença no mundo adquirindo amadurecimento fisiológico, como no engatinhar, entra em cena a mãe colaborando em criar um espaço possível e limitadamente seguro para a expansão deste desenvolvimento. Nesta situação a segurança física do filho é a preocupação primordial.


Além da segurança física, existe a segurança emocional que também é adquirida com a colaboração do limite. Neste caso funciona como fortalecendo o sentimento de estar protegido, ser amparado, estar sendo acompanhado por um outro que ama, que acolhe, que segura. Um colo, um abraço em momentos de choro compulsivo, em momentos de angústia, são atos que contém, que limitam o pavor sentido pelo contato com um mundo estranho, desconhecido, pelo medo da solidão, medo da perda, e a intuição da mãe contribuirá para este entendimento no momento.


O ato de educar também significa limitar, conter, o que ocorre desde a tenra idade, ou seja, a partir do quinto, sexto mês de vida do bebê aproximadamente. Ao pegar um objeto danoso a sua saúde, a mãe impede, tirando de sua mão, ou até mesmo dificultando o seu acesso. O bebê reage, se desespera, mas se oferece um brinquedo em troca, logo se interessará por este abandonando aquele.


 A postura com o filho nesta fase será sempre de troca, buscando descobrir outros objetos novos e interessantes tanto quanto, amenizando a sua angústia pela perda do objeto antigo ao mesmo tempo que aguça a sua curiosidade. Assim como falar em tom mais sério, não significa mais alto, mas firme reafirmando a sua desaprovação da sua desobediência, evitar de comparar o seu filho com outras crianças para ele, ou utilizar adjetivos como isto é feio, ou isto é bonito, por gerar uma competição e comparação podendo afetar mais tarde a sua auto-estima.


O castigo também refere-se ao educar, um repressor dos atos impulsivos do aspecto narcísico e onipotente do bebê. Este compreende e muitas vezes solicita ser repreendido, ou melhor, ser contido pela mãe. O  filho torna-se manhoso, desobediente testando a mãe, enfrentando-a, como forma de requerer valer a confirmação do seu amor incondicional por ele, é como se estivesse falando: "Quero ter certeza se me ama de verdade, se vai me aguentar, ter paciência, não vai me abandonar. " O limite entra como um reforço do amor da mãe pelo filho dentro de um contexto coerente, adequado, uma forma de socializar, de ajudá-lo a ser pertencente de uma sociedade que também é regida por leis, por normas que precisamos muitas vezes nos adequar.


sexta-feira, 18 de março de 2011

Qual a Contribuição da Psicanálise no Ser Mãe?

Por ser a Psicanálise uma terapia do inconsciente, vem a enriquecer e ampliar a nossa visão enquanto sujeito pertencente e participativo de uma sociedade, de um mundo. Uma abordagem voltada à compreensão da existência de um mundo subjetivo, composto por emoções, sentimentos, pensamentos, sonhos, comportamentos, percepções, interagindo concomitantemente com o somático, ou seja, o corpo e a mente em parceria constante na direção da vida humana.


No lidar com a criança pequena que ainda não usa a linguagem como meio de comunicação, recorre à intuição, à sensibilidade, ao bom senso, ou até a "eliminação", mas o fundamental será a qualidade da relação estabelecida entre os dois sujeitos (mãe e bebê) . Quando a mãe consegue se destacar, ou melhor dizendo, se distingue, se distancia do bebê, entende o motivo do seu sofrimento encontrando solução para apaziguar o mal estar sentido. Caso aquela permaneça retida no vínculo simbiótico, vivenciará por identificação maciça o mesmo desespero, caos e angústia do bebê,  não encontrando meios de solução do rompimento da situação. 


Muitas vezes o pranto desesperado do bebê refere-se ao sentimento de abandono pela figura materna. A mãe saudável conseguirá compreender o sofrimento abarcando a angústia com acolhimento e segurança pelo retorno a sua presença. Cantar uma canção de ninar, acolher no colo, conversar, contar uma história, oferecer amor, são recursos viáveis neste momento, salvo após a eliminação da insatisfação ser decorrente da fome, sono, ou cólica.


Em casos de dor sofrida pelo bebê, o motivo as vezes  pode estar associado a fatores emocionais referidos a esta ausência momentânea da mãe causando uma insegurança e desproteção, que serão manifestados através do choro, como forma de comunicação. Portanto com a ausência da fala, o bebê encontra outros recursos para expressar o seu desejo ao ambiente (mãe), como por exemplo o jogar objeto no chão obrigando a mãe pegar de volta como uma brincadeira, mas também reafirmando a realidade da mãe que se ausenta, mas retorna, com o brincar jogando o peão, ou até mesmo o esconde-esconde; este por sua vez é a brincadeira mais apreciada pelas crianças pequenas.


O corpo muitas das vezes reage ao nosso estado emocional do momento, através de febre, diarréia, constipação, dores, cólicas, falta de apetite, vômitos, dificuldade de dormir. Experimentamos estas situações somáticas com os bebês, que comunicam o que não é dito verbalmente por imaturidade neurológica. Mas ao longo do desenvolvimento a criança manterá esta forma de expressão, juntamente com a fala, já que nem tudo o que é vivido e sentido será comunicado diretamente. Portanto a consciência da mãe pela existência do psique além do corpo, será um grande aliado na condução de um bem estar no lidar com o seu filho.

terça-feira, 15 de março de 2011

O Ser Frágil:

Quando visualizamos aquele ser tão pequeno, tão sereno dormindo, com as respectivas dobrinhas, sem os dentinhos, tão dependente de cuidado e atenção, imediatamente um sentimento  invade inundando a nossa maneira de ser, de agir, nos tornando absurdamente melindrados com tudo ao nosso redor,  os maiores perigos inimagináveis, exagerados, absurdos, mas que agora pertencem ao nosso contexto coerente, lógico do campo "fragilidade".


Há uma identificação da mãe com o bebê, uma parte interna com aspectos infantis, regredidos, reconhece e contacta a parte bebê externa real, concreta. Por se sentir frágil, desamparada, solitária, amedrontada, insegura, transfere estes sentimentos para o bebê  frágil, fraco, "quebrável" como um boneco, que ao tomá-lo em nossos braços, com todo o cuidado e muitas vezes sem jeito, seguimos todos os protocolos necessários de segurança recomendados durante os nove meses de gestação. Ainda assim, não alcançou um ideal já que ouvimos: "cuidado com a cabeçinha dele! Precisa apoiá-la." ; ou então " Cuidado com os braçinhos!!! Melhor colocar um agasalho por causa do sereno, vai se resfriar!!!!" ; e continua.....


Existem os cuidados primários necessários com o recém nascido, como com a higiene, manter a cabeça segura, devido a sua imaturidade fisiológica. Mas conseguimos enaltecê-los com a vinda e a presença do bebê, pois sentimos a falta deste cuidado, desta atenção primária prestada inteiramente à um outro ser. Apesar do amor incondicional, mantemos o nosso status de ser mulher, ou ainda de sermos filha narcísica com sentimentos bons e maus, amando e odiando concomitantemente o momento, a circunstância, o outro.



 Temos urgência em cuidar do nosso filho de um perigo eminente, de uma agressão possível externa. Parece que precisamos protegê-lo da nossa raiva, da nossa agressividade de filha que em parte não abandonamos inteiramente para sermos mãe, e por muito tempo alternaremos entre as duas figuras, quando acordamos o nosso marido à noite para podermos dormir um pouco, ou exigimos que troquem a fralda do nosso filho, que o coloque para dormir, e até dar de mamar. A ajuda, a colaboração do marido é muito bem vinda e fundamental para mantermos a condição física e emocional do prosseguimento com a maternidade. Pode-se recair na figura- filha, mas não permanecer, não se fixar nela já que a nova realidade nos impõe a necessidade em apossarmos do ser mãe.



Uma fragilidade que projetamos, ou melhor dizendo, colocamos no nosso bebê por ser mais conveniente, mais aceitável  para nós. A mãe não é uma figura frágil, fraca, e sim, forte, poderosa, acertiva, que tudo resolve, e tudo enfrenta em nome do amor incondicional, assim vislumbramos. Precisa abarcar todas as funções, além desta, como ser também esposa, mulher, profissional, e no final manter uma satisfação e disposição por ter cumprido toda a tarefa demandada. Este ideal não condiz com o mundo real, assim como a crença de um bebê frágil sem recursos de vida também não é verdadeira.








Há pouco tempo, houve uma situação muito angustiante, mas o seu final foi emocionante e esperançoso. Um recém-nascido encontrado por bombeiro agarrado num galho de uma árvore, para não se afogar, dentro de um rio. Um bebê com imenso instinto de vida, apesar de ter sofrido abandono, rejeição da mãe, e portanto, com todos os motivos para se deixar morrer, para se abandonar. Lutou com toda a sua "pequenês", com toda a força que lhe é adquirida contra a morte, contra a agressão que sofreu, em prol da saúde, do futuro, da vida.


Este pequeno mas enriquecedor exemplo mostra que o bebê não é frágil na concepção que colocamos de um ser intocável e indefeso, deixando claro que ele  permanece dependente e imaturo.  Precisa de cuidados básicos e assistência para permanecer vivo, assim como carinho, afeto, amor, dentro de um equilíbrio, de um contexto pertinente, pois além disso, refere-se a uma necessidade e falta da mãe que busca satisfazer e compensar no filho. Uma fragilidade pertinente a mãe necessitando de cuidado e atenção.

sexta-feira, 11 de março de 2011

O Crescer:

O desmame é o início do desenvolvimento do bebê, assim como o engatinhar, o balbuciar alguns sons, a dentição, o andar, como o  parto é o desligamento necessário em favor de uma nova possibilidade. O bebê terá que abandonar, romper com o seu habitat confortável, protegido em prol da continuação de sua existência, pois a permanência no corpo da mãe causará o seu falecimento. Significa a morte de um estado conhecido em favor da vida, da continuação do existir.


O crescer, o desenvolver acarreta perda, desligamento de uma condição conhecida para uma situação nova,  uma sucessão de partos que a mãe enfrentará com o filho pela vida. O engatinhar é a perda de uma dependência  para o ganho do movimento, de uma autonomia, de uma nova conquista. Para a mãe uma  felicidade e um receio desta independência, uma sensação de vazio, de perda. Antes coordenávamos, controlávamos aonde o nosso bebê estaria, ou melhor dizendo sempre junto da nossa companhia, agora ele escapa deste olhar decidindo aonde deseja estar, se locomovendo em busca de outros interesses "além peito".


Para o bebê crescer, buscará outras ligações fora do mundo "interno mãe", portanto não olhará apenas para o seu peito quando mamando, mas também para um outro objeto sendo colorido, vivo, diferente até então para o seu olhar. E quanto mais estímulos puder captar, maior será o seu  crescimento. Com este novo interesse do bebê, a  mãe sente que está perdendo o espaço com o seu filho, e ressente-se da perda do seu amor por não querer se separar. O bebê também teme a separação, não quer perder a mãe e resisti, à princípio, a nova situação.


O retorno à vida laborativa da mãe é uma separação do vínculo exclusivo com o bebê, gerando angústia, sofrimento e culpa pelo rompimento, apresentando dificuldades em dividí-lo com uma outra pessoa ou instituição adequada. A mãe sente-se em conflito, com culpa, por ser egoísta acreditando em abandonar o filho para viver sua própria vida, deixando de perceber que na verdade está criando uma maior condição de vida para o bebê, tornando-o um ser social ao se relacionar com outras pessoas, permitindo desenvolver uma segurança, confiança, bem estar com o mundo externo.







Quando a mãe não se desamarra de sua culpa e medo perante a separação, não permite também que o seu bebê cresca, sendo um ser vivente no mundo social, preconizando-o como hostil, cruel, imperfeito, inseguro para ser habitado. Eventualmente a mãe evita em confiar o seu filho com outras pessoas alegando não serem boas o suficiente, o resguardando de possíveis frustrações e falhas. A consequência se revelará no futuro, com um indivíduo introvertido, inseguro, imaturo no seu desenvolvimento emocional, com dificuldade em enfrentar e aceitar as mudanças necessárias impostas pela lei natural da vida. 


O rompimento é imprescendível para o amadurecimento, apesar de carregar uma certa quota de sofrimento pela sensação de uma perda. Mas como crescer sem romper, sem deixar para trás uma disposição conhecida, agradável e confortável até então? Para o bebê ingressar na alimentação sólida, terá que reduzir a ingestão do seu conhecido leite materno; assim como para andar, abrirá mão do seu engatinhar; como no falar, precisará de estímulo que o provoque para tal.


Nesta interface, a mãe se apresentará como a figura facilitadora, propensa em defender o crescimento, ou como a figura controladora, possessiva que preza o vínculo simbiótico. Pode forçar a fala do bebê, não respondendo de prontidão quando ele aponta para um objeto que deseja, ou então devido ao cansaço do dia, sede de uma vez, não abrindo campo para a sua expressão. Cria estímulo para o engatinhar através de brincadeiras, colocando um objeto atrativo longe do seu alcance encorajando sua locomoção em direção a, ou apenas deixa ao acaso interferir para não perder o conforto e a segurança da velha e conhecida relação.


 

quarta-feira, 2 de março de 2011

Estipular Regras ou Não?

Uma questão muito presente na nossa vida de mães de primeira viagem: Devo impor horários, para o meu bebê mamar? Mas ele está dormindo muito! tenho que acordá-lo para mamar?


Pesquisei um pouco sobre o assunto, que parece ser muito controverso entre os profissionais da área. Uns são muito inflexíveis com esta questão, outros, já nem tanto. Parece que a real questão apresentada por detrás do horário da mamada é: Preciso dormir!!!! Não durmo à noite, pois o meu bebê acorda para mamar. Não vou deixá-lo dormir durante o dia para dormir à noite.


Todo recém-nascido não dorme à noite, portanto, mantê-lo em vigília durante o dia não surtirá o efeito que deseja. O mundo interno do bebê é muito caótico, desorganizado, necessitando de um período para se estruturar, se organizar, compreender regra, horário. O bebê mamará em espaços curtos por sentir fome, e caso esteja dormindo um período maior, está com sono. O momento resulta. em dois instintos: o de fome, e o de sono.


As regras impostas neste início de vida, não são implacáveis em estabelecer futuras noites sossegadas, já que não moldam o bebê num boneco sem vida que a criança o põe para dormir, oferece papinha, o coloca no troninho, introduz a injeção quando ele está doente, a todo instante que se deseja. Brincávamos de boneca enquanto filhas e tudo corria em perfeito estado de ordem, tínhamos todo o controle da situação. Agora somos mães com os nossos filhos, uma realidade imprevisível e incontrolável muitas vezes.


Os limites são mais aceitáveis com o bebê maior, mais adaptado, mais adequado a sua nova condição de vida, de realidade, podendo assim, neste momento, substituir o dia pela noite. A mãe intervém interagindo, ocupando, distraindo o filho durante o dia para cansá-lo à noite. Estipula horários para a mamada, para a papinha, o descanso pelo menos uma hora no dia, o entretenimento, o dormir à noite. Assim, consegue-se um resultado melhor e mais produtivo. Existem ainda fatores diversos,  internos ou externos, causadores de uma noite mais agitada que podem ser: fatores hereditários, mãe, pai, ou outro ente, com distúrbio do sono; fatores da personalidade do próprio bebê; fatores externos como barulho, claridade, ambiente hostil, inseguro, e muito mais.


Portanto não tente encaixar o seu filho num molde de regras, de normas estabelecidos que visam encontrar respostas curtas, práticas, fáceis para a angústia sentida pela mãe. O desencontro inicial, os erros, o desespero, o cansaço, a insegurança, o medo, são perfeitamente "encaixáveis" neste momento, para assim conseguir criar um compasso no encontro mãe-filho.


 

terça-feira, 1 de março de 2011

A Primeira Separação:

Surge a primeira dentição e automaticamente com ela o indício da separação deste vínculo primitivo e simbiótico mãe- bebê. Introdução de um novo alimento além do leite materno, ampliando o horizonte do bebê, apresentando novas possibilidades de vida "além mãe".


Esta nova etapa pode acarretar num vislumbramento e interessante do novo, assim como um assustador e ameaçador novo que afastará e romperá completamente a minha ligação amorosa com minha mãe ou com o meu filho. Assim expressa-se em bebês que recusam fervorosamente a papinha, ou o suco se alimentando impreterivelmente do leite e apenas; até bebês que vivem a dificuldade da mudança, mas conseguindo aceitá-la de bom grado se alimentam também do leite e não exclusivamente dele.


A vivência da perda surge inicialmente nas mães que transmitem o seu medo, sua angústia aos seus bebês, descodificando desta forma: " se aceita outro alimento, se afasta de mim, irá me perder, não seremos mais um único indivíduo, mas sim, dois sujeitos distintos." Este código não falado é absorvido pelo bebê que sente empaticamente o sofrimento da mãe resistindo a mudança, ao novo, sinônimo do crescer.


No início do oferecimento da papinha pode ocorrer uma certa recusa, já que há uma quebra da rotina, do conhecido, além do paladar já estar habituado. Portanto a mãe precisa ter paciência, carinho e compreensão em não desistir na primeira tentativa e/ou não insistir demasiado. Pode não ser na segunda e nem na terceira tentativa, entendendo por estar refém do bebê, ou seja, só o seu leite é bom e suficiente, ou então o oposto, ele não irá crescer o suficiente, não se desenvolverá por estar restrito ao leite sem contar com outras fontes de proteínas e vitaminas. Tanto a desistência como a persistência são sinônimos de incapacidade, de intolerância, de angústia pelo enfrentamento do desconhecido.






Saber respeitar o tempo que o seu bebê possue para aceitar o novo, tolerar a sua expectativa diante da situação, coordenar a sua ansiedade e angústia, é oferecer apoio e amor ao seu filho. Lembre-se que o enfrentamento do "corte do cordão umbilical", da separação, precisa ser vencido primeiramente por nós, mães que criamos condições de reasseguramento da manutenção do vínculo, do afeto, da proteção para o nosso bebê. Sem esta transmissão de segurança dificilmente conseguirá que o bebê se desvincule totalmente de você aceitando o novo e consequentemente crescendo.