Bem Vindo

Um espaço para troca de experiências, reflexões, dúvidas referentes ao universo dinâmico e surpreendente do inconsciente.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

O Grupo Família:

Freud em seu texto: "Dois Grupos Artificiais: A Igreja e o Exército" afirmou em um trecho: "Numa Igreja...., bem como num exército, por mais diferentes que ambos possam ser em outros aspectos, prevalece a mesma ilusão de que há um cabeça- na Igreja Católica, Cristo; num exército, o comandante-chefe - que ama todos os indivíduos do grupo com um amor igual. Tudo depende dessa ilusão; se ela tivesse de ser abandonada, então tanto a Igreja quanto o exército se dissolveriam, até onde a força externa lhes permitisse fazê-lo."


A família também é um grupo que se constitue similarmente dentro dos parâmetros descritos acima por Freud sobre a Igreja e o exército. Permeia-se sobre um membro centralizador sendo a mãe, ou pai, ou uma avó, tia, responsável pela união, pela organização do grupo. Este membro também acredita-se que ame todos sem distinção e de afeto equivalente, pelo menos pretende-se esta ilusão, assim confirmado no texto.


Interessante notar que na falta deste membro, ou por morte ou pela sua ausência, a família costuma a se desintegrar,  se desorganizar, com raras excessões. Aqueles almoços clássicos de domingos torna-se cada vez menos frequentes, as comemorações de natal, ou ano novo, não se caracterizam mais pelo reencontro familiar, pois novos afazeres são incluídos agora. Parece que algo se quebrou, ou na verdade, falta algo, falta alguém, o centro da integração.


Parece que tudo começa lá atrás, no primórdio da família, com o nascimento de um filho, depois do outro, e assim segue. A forma que a mãe, ou pai, avó, avô, lida com este mais um ser na família  marca o caminhar, o formato futuro da mesma, que será unida, pelo amor igual, ou separada pela disputa do amor diferenciado prestado a um do ser. Mais uma vez, está também em jogo a constituição individual, ou melhor, o caráter de cada um envolvido no processo, a sua personalidade. Não quero dizer que a mãe, ou o pai, ou a família é o único e maior responsável pelo filho ser "bom" ou "mau", se podemos denominar assim.


Mas é notório a predominância da família na condução de quem seremos amanhã. A conduta da mãe ao buscar amar os filhos igualmente, como ter postura educadora igual, assim como, se presenteia um filho, o outro também terá este direito, pregando a necessidade da amizade entre eles, oferecendo o seu tempo para ser dividido com ambos, apesar de um deles clamar mais a sua atenção. Mas a sensibilidade que se tem com um único filho, agora terá com dois, ou três,.... e principalmente, evitar de tomar partido de um dos filhos em detrimento do outro reforçando a disputa, o ciúme existente.


Como Freud afirmou acerca da ilusão do amor igual, assim repercurte na família que é visível a preferência da mãe por um dos filhos. Difícilmente não há intimamente uma preferência, já que existe a identificação, a hereditariedade transmitida de um dos pais, mas o lidar não pode compactuar com o interno, com o sentimento mais primitivo, e sim precisamos ser maduras, mulheres, mães neste momento e principalmente. Mantendo esta ilusão contribuímos para o amor, a união e integração da família além da nossa ausência; a continuação da nossa história.

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