Bem Vindo

Um espaço para troca de experiências, reflexões, dúvidas referentes ao universo dinâmico e surpreendente do inconsciente.

domingo, 18 de setembro de 2011

Criança Hoje, Adulto Amanhã:

Quem já não ouviu a célebre frase: "Precisamos investir nas nossas crianças de hoje que se tornarão adultos amanhã!". O que se entende em investir? Acredito ser este o ponto nodal para o entendimento desta mensagem, pois pode-se investir financeiramente, e ou emocionalmente. Muitas das vezes o investimento financeiro é o que predomina na relação como um suporte, um preenchimento de uma falta, ou de uma culpa.


Falta da mãe ou pai  por não estar presente seja por uma rotina profissional estressante, ou pelo seu oposto, está em casa, mas ocupado com outros afazeres que dispendem tempo "faltando" a atenção à criança. Percebe muitas vezes nestes casos, crianças preenchidas com roupas, brinquedos, computadores, celulares, mesadas ou semanadas, enfim, repletas de coisas, mas carentes de afeto, atenção, apoio, compreensão, educação.


Desde o nascimento a criança é entregue aos cuidados integral materno, oferece-se o peito, a chupeta, a mamadeira por necessidade de sobrevivência física e um suporte emocional devido as exigências de adaptação ao novo mundo externo. Mas quando se inicia alguma autonomia através do desenvolvimento do andar, da fala, pode-se começar a abrir mão de algumas coisas até então essenciais,  como o peito, a mamadeira, a chupeta, a fralda.


Com o sentimento de culpa pela falta os pais correm o risco de manter a criança infantilizada através da continuação destes cuidados prestados ao bebê, através do uso continuado da chupeta, ou da mamadeira e até do oferecimento de comida constante, estimulando uma possível obesidade futura.


Percebo que a frequência de mesadas, ou semanadas também refere-se a uma falta da presença dos pais acarretando numa infantilização da criança. É transmitida à esta a mensagem que não precisa trabalhar, se esforçar para ganhar o dinheiro, ou seja, não há um empenho, uma motivação, simplesmente ganha. Em vez dos pais estimularem os filhos a conseguir alcançar os objetivos que almejam, já que na vida sem esforço, dedicação, empenho, responsabilidade não se consegue crescer, ser adulto, independente.


Acontece em alguns adultos que ao atingirem a maturidade ainda se encontram dependentes financeiramente dos pais, ou adultos obesos, alcóolatras, dependentes químicos. Deixo claro que não defendo a idéia da responsabilidade integral dos pais (que seja: "Tudo é culpa da mãe!") pela educação ou pela saúde emocional dos filhos, mas acredito na sua maior contribuição, além de  fatores genéticos, uma predisposição.


Penso portanto que todos os atos dos responsáveis perante a criança, o cuidado prestado precisa ser muito bem respaldado numa coerência e responsabilidade, que seja, questionar a importância e a real necessidade de um dinheiro frequente, ou de um celular, por exemplo. Assim como, se o meu filho já tem idade para sair de casa sozinho, como ir à escola, então acredito que o celular pode ser útil como forma de um contato, de uma segurança, além de haver um controle, é claro. Se o meu filho tem responsabilidade, sabe cuidar de suas próprias coisas, entende o valor do dinheiro, então posso combinar uma mesada, por exemplo.


Enfim o adulto precisa entender qual é a verdadeira reclamação da criança, qual a demanda que se encontra por detrás do pedido de um brinquedo, ou uma roupa da moda, dinheiro, pois pode estar reclamando atenção, escuta, olhar, entendimento, afeto dos pais, ou responsável. Esta criança frustrada, carente da presença emocional, pode tornar um adulto consumista amanhã, buscando através do comprar preencher um vazio eterno sentido.


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