Bem Vindo

Um espaço para troca de experiências, reflexões, dúvidas referentes ao universo dinâmico e surpreendente do inconsciente.
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quarta-feira, 27 de julho de 2011

A Inveja:

Num primeiro momento nos encomodamos com esta palavra "inveja" por nos remeter ao que há de ruim, maqueavélico, destruidor, perverso, pecaminoso. Assim nos defendemos deste sentimento afirmando haver uma inveja boa, permissiva, ingênua, pura, assim como: "O que sinto é uma inveja boa, sem maldade. Gosto do fulano, acho a vida dele boa, o seu trabalho, seu casamento, sua casa, e gostaria de ter algo assim também. Não quero o mal dele, até desejo muita sorte, que continue assim." (uma pessoa falndo sobre um amigo).


Para a psicanálise, a inveja é um sentimento unicamente ruim, destruidor, aniquilador, não havendo nada de bom nela. O que chamamos de "inveja boa" refere-se a um ideal, uma admiração em relação ao outro que acreditamos ser possuidor de algo bom, e que desejamos, e então buscamos adquirí-lo para a nossa vida através dos nossos próprios recursos e condições individuais para tal. Assim é a busca de uma faculdade, uma profissão, um trabalho, ou um casamento, um bem material, enfim, são as diversas escolhas e objetivos que pretendemos no decorrer de nossa jornada, sem incluir um prejuízo para outrem  através disto.


Para Freud, há a inveja do pênis, já Melaine Kein considera esta inveja secundária, sendo a inveja do seio, primária. Um seio nutridor, cheio, bom, gratificador que desejo ter, possuir, morder, arrancar, aniquilar; uma raiva por este objeto pertencer completamente a uma outra pessoa, sendo, a mãe. A inveja  refere-se a um sentimento entre duas pessoas, inicialmente, entre o bebê e a mãe. "A inveja é um sentimento raivoso de que outra pessoa possui e desfruta algo desejável- sendo o impulso invejoso o de tirar este algo ou de estragá-lo." (M. Kein).

"O invejoso passa mal à vista da fruição. Sente-se à vontade apenas com o infortúnio dos outros. Assim, todos os esforços para satisfazer um invejoso são infrutíferos." (M. Kein) Para o sujeito invejoso, o bom  está fora, não lhe pertence, enquanto o mal está dentro. São pessoas frustradas e insatisfeitas permanentemente, mesmo em situações de ganho, de vantagem. Este sentimento pode gerar comportamentos auto-destrutivos, anti-social, já que o desejo do indivíduo é acabar com o objeto bom contido no outro.


Podemos reconhecer a inveja em pessoas que roubam bens materiais dos outros, por desejarem especificamente aquilo que pertence ao outro, seja um objeto, ou até uma vida. Como exemplo deste, pode-se remeter a morte de John Lennon, um dos integrantes de um grupo de música inglês, "The Beatles", assassinado por um fã perto da sua residência. A angústia, o conflito vivenciado pela impossibilidade de possuir para si o bom, o idealizado representado na figura do músico, pode acarretar a busca da sua destruição, que seja, matando o objeto.


O bebê mata, destrói e reconstrói, em sua fantasia, repetidas vezes o seio que o alimenta, que o satisfaz, através do ato de morder na amamentação. A inveja é um sentimento inato do ser humano, o ódio, que pode prevalecer no desenvolvimento psíquico do indivíduo ou não.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Criança Possessiva:

Por volta de um ano de idade, ou até antes, a criança torna-se possessiva perante os seus brinquedos, seus objetos, seus pais. A mãe, ou pai, ou avó, ou avô, enfim, um cuidador responsável torna-se como sua propriedade, do imperador o bebê. Este tem todo o direito, a exclusividade perante o outro e seus pertences nos quais são intocáveis, proibidos de serem administrados ou acarinhados por qualquer ser "extra ambiente familiar".


Existem crianças mais outras menos ditas "possessivas", umas reclamarão muito chegando à beira do desespero; outras já nem tanto, e existem aquelas que são indiferentes. Quando há uma reunião de crianças da mesma faixa etária, com brinquedos sabe-se que a monotonia, a tranquilidade acabou, pois não só o seu brinquedo é motivo de conflito, mas também o brinquedo do colega transforma em seu próprio objeto de consumo e desejo. Em seu mundo infantil este desejo alcança o universo real do bebê, ou seja, agora faz parte da sua propriedade.


Há aquela situação de um brinquedo sem muito interesse para a criança, que ao perceber a motivação de outra criança por ele, é imediatamente cobiçado pela primeira criança que o ignorava até então. Se refletirmos sobre esta situação perceberemos que se mantém no decorrer do desenvolvimento humano, ou melhor dizendo, " o jardim do vizinho é mais florido, mais bonito do que o nosso.", portanto desvalorizamos algumas das vezes as nossas conquistas, ou ganhos, pela fixação no outro supervalorizado.


A expressão manifesta do sentimento, do comportamento do bebê entendido por nós como egoísmo, posse, ou inveja, é o seu recurso para a comunicação e  interação com o meio externo. No início ele busca lidar com a existência de um outro além dele próprio protegendo os seus valores deste ambiente hostil e destruidor em sua visão, para assim, com o contínuo da convivência ir estabelecendo relação, proximidade, segurança. A criança aprende e reconhece que pode confiar neste mundo, pois ele também pode ser amável, amistoso e cuidadoso com ela.