Em alguns momentos da minha clínica, pessoas me falaram: " mas você não me diz o que fazer! não me dá um conselho? Outra questão muito frequente exposta pelas pessoas como justificativa "anti- análise" é: " eu não quero ficar dependente de terapia. A gente acaba ficando, né?" Se analisarmos minuciosamente estas duas questões, perceberemos que se relacionam, pois na verdade estão falando uma só coisa: " Eu sou dependente, quero ser dependente, não posso estreitar o vínculo com você!!!"
Bom; dependente, TODOS somos!!!!!! desde que nascemos, dependemos de alguém para nos manter vivos, dependemos da mãe, ou de algum responsável que nos alimente, caso contrário, morremos. O ser humano é o ser mais dependente que existe. Portanto esta conversa:" eu sou independente, não preciso de ninguém, sou auto suficiente,.." não é verdadeira. Vamos a vida inteira depender um do outro para permanecermos vivos e sociais, já que dependemos das relações para existirmos inclusive, dependemos de cuidados médicos, de afeto. Portanto, que medo é este de ficar dependente de análise????
Existem duas vertentes aí: uma, como já falei, você é um ser dependente, isto é fato!!!! a outra, é ter uma tendência a uma dependência excessiva, ou seja, algo que lhe impossibilita de caminhar com os seus próprios pés, de ser uma pessoa, um indivíduo único, com sentimentos, personalidade, desejo. Uma pessoa dependente das respostas do outro, que se acomoda na solução do outro, em vez de buscar as suas próprias soluções. Neste sentido, a função da psicanálise é sinalizar este lado com dificuldade de crescer, de ser independente sem a "mãe ou pai" que alimentam e sustentam, incentivando o lado independente do ser adulto.
Retornando ao início: Porque não dou conselho, não digo o que fazer? Porque prego o respeito pela individualidade, pelo ser único, distinto um do outro, prego este preceito além também de não ser Deus, de não ser infalível.
Quando se cai neste "jogo de conselho", reforça-se a dependência, a parte infantil existente em todos nós, retorna a relação primitiva, "mãe e bebê", uma relação simbiótica na qual não há dois sujeitos, mas sim, um só, a mãe ( ou melhor dizendo, o peito!!!!).
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