Bem Vindo

Um espaço para troca de experiências, reflexões, dúvidas referentes ao universo dinâmico e surpreendente do inconsciente.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

O Bullying:

Há pouco postei sobre uma breve observação de uma criança, que precoce manifesta comportamentos significativos de um pedido de ajuda, referente ao seu bom desenvolvimento emocional. Portanto uma omissão clara de todos os responsáveis e participantes da criança sendo a família, a escola, a sociedade. Coincidentemente foi noticiado pela mídia o caso de um aluno agredido por outro, de mais idade, em uma escola renomada na zona sul do Rio de Janeiro.


A família busca negar o sofrimento, o mal estar da criança, por uma culpa e responsabilidade sentida pelo seu filho apresentar um comportamento agressivo, arredio, ou até "anormal" perante o meio em que vive. Pois não se inicia fora de casa, mas sim neste convívio familiar, através de birras constantes, pequenas mentiras faladas, intensas mal criações, enfim atos contribuidores de conflitos e discórdias. Pode ocorrer o seu oposto, como uma quietude, tranquilidade (para nós, pais), um isolamento, um silêncio. Mas nunca derrepente, mas sim já na tenra infância conforme relatei.


Inicia-se como um fato sem muita importância, e até corriqueiro sem muita consequência, mas que com sua continuação pela falta da atenção e cuidado devido tende a acarretar problemas maiores futuros. A criança desde cedo precisa ter orientação de educação, limites, socialização, nos quais os pais transmitem através dos seus atos, das suas formas de se relacionarem e conviverem com o meio externo. As primeiras identificações, as primeiras figuras amadas, idealizadas para a criança são os pais, e depois dirige-se  à família, aos professores, aos amigos, à escola.


Os pais se excluem do comprometimento do problema pelo viés do mecanismo de defesa da negação. A escola entra no seu papel de manter-se financeiramente equilibrada através do seu quantitativo de aluno, negando também, de forma consciente, o problema manifesto. Já que os pais não querem se apossar do mal estar, então vamos tamponá-lo, vamos amenizar os possíveis danos causados compactuando com a negação, assim como, através da conhecida e corriqueira frase: "Não foi nada de importância. Está tudo bem. Criança se machuca mesmo, pois corre, pula, brinca,....".


Muito saudável a criança correr, brincar, pular e cair, assim como implicar com outra criança pela posse de um brinquedo. Mas interferimos nestas situações, orientamos e mostramos os perigos existentes e portanto os cuidados necessários a se tomar evitando acidentes, expondo outras alternativas saudáveis para a resolução de um conflito, ou de um impasse, de uma construção de relação harmoniosa, amorosa, apesar da existência das diferenças entre os pares.


Qual o papel dos pais, da família, dos educadores no desenvolvimento emocional de uma criança se não amá-la, apoiá-la nas suas dificuldades, na sua imaturidade inerente no lidar com o mundo? Diferente de superprotegê-la, de mimá-la, de acatar suas vontades cedendo com a intenção de calar o seu berro, ou choro pela intolerância e impaciência alcançados pelo cansaço. A criança testa o amor do adulto através do seu comportamento insistente, pois precisa reafirmar a presença, o cuidado, a proteção da mãe, do pai, ou de outro cuidador.


2 comentários:

  1. Nossa isso é um assunto tão dfelicado. Muito bom escrever sobre ele. É importante sabermos como lidar com um problema desse e mais importante percebermos se isso está acontecendo com nossos filhos e tentarmos ajudar.
    Roberta

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  2. Vanessa, parabéns pelo blog! Um tanto esclarecedor. Atualmente, muito se fala de bullying, o que Klein conceituou como identificação projetiva. Mas, diante do oceano enigmático cria-se palavras-chaves na tentativa de aplacar a angústia. Parabéns pelo seu trabalho! Abraços.

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