Bem Vindo

Um espaço para troca de experiências, reflexões, dúvidas referentes ao universo dinâmico e surpreendente do inconsciente.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Contos que Devemos Contar para os Nossos Filhos:

Existe um livro chamado: "A Psicanálise dos Contos de Fadas", do Bruno Bettelheim, uma leitura fácil e deliciosa a respeito do significado inconsciente dos contos de fadas para as crianças, a mensagem que cada história deseja transmitir como ensinamento ou mesmo identificação, auxiliando em seu desenvolvimento emocional e em suas angústias. Ele disserta alguns contos que conhecemos, mais populares e outros nem tanto dentro da nossa cultura.


O conto dos "Três Porquinhos" é um unânime em aceitação e satisfação pelas crianças, já que se aproxima da vida mental infantil. Existem três porquinhos e um lobo mal. Os dois primeiros porquinhos parecem buscar o prazer imediato sem a  preocupação em planejar o futuro, representado em suas casas frágeis que o lobo, com o seu sopro, consegue derrubar. Há uma versão que o lobo consegue devorar estes porquinhos e o último porquinho é quem o devora. Conheço apenas a versão na qual o lobo derruba as duas primeiras casas, e os porquinhos se refugiam na casa do terceiro porquinho, portanto salvos por este, e o lobo frustrado por não conseguir derrubar a última casa, vai embora.


Particularmente, prefiro manter a versão que conheço por considerá-la mais otimista e esperançosa. Continuando, os dois primeiros porquinhos prezam o princípio do prazer, o id, o inconsciente, a realização dos impulsos, dos desejos, a satisfação imediata, o prazer predominando sobre a realidade, o brincar num primeiro plano. O terceiro porquinho relaciona-se com o princípio da realidade, o ego fortalecido que consegue controlar e lidar com este prazer, a sua descarga desenfreada e irracional, que consegue esperar para obter prazer.


Portanto encontramos nos porquinhos o desenvolvimento psíquico do indivíduo, primitivo até alcançar a maturidade, que seja, o último porquinho, mais forte, mais estruturado,  que ao construir uma casa sólida, planeja o futuro, se preocupa com a realidade, com suas obrigações para assim poder usufruir melhor depois. Temos também o lobo representante da voracidade, do ódio, da agressão, da perda do controle que lhe traz prejuízo, não conseguindo alcançar o seu objetivo no final na história.


Portanto o conto deseja transmitir as seguintes mensagens às crianças: Primeiro, a importância de se planejar para o futuro, de assumir responsabilidades, de cuidar de si mesmo, de suas coisas, como brinquedos, seu espaço, que seja, o quarto, a escola, para obter uma qualidade de vida. A necessidade de brincar, de ter prazer dentro de limites estipulados, de responsabilidade com o outro, de saber esperar fundamentalmente. Segundo, o sentimento de ódio e voracidade encontrado na figura do lobo, faz parte também do mundo infantil primitivo, que ama e odeia, que busca devorar compulsivamente o seio da mãe quando dominado pela raiva. Mas se preconiza a necessidade de controlar este aspecto odioso inerente em todo indivíduo em prol de construções firmes, saudáveis e de ganhos para uma qualidade de vida, relegando o futuro de perda e não promissor do temível lobo.










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